Há um silêncio novo

Há um silêncio
a pairar na imensidão
das água mansas
da lagoa que me mora.

É um silêncio novo,
cálido,
que sabe onde está
e para o que veio.

Há um silêncio
a calar as vozes inquietas
dos rancores desgastados
pelo passar dos ciclos.

É um silêncio novo,
sagaz,
a amainar as tempestades
e as dores d'alma.

Mudou-se para dentro de mim,
para me ensinar que os dias
são efémeros e as vidas curtas.

Há um silêncio
maior do que todos os percalços.
Um silêncio novo
que se fez dos prantos velhos
da Via Ápia dos dias.

Há um silêncio
que aprendeu a nadar,
fazendo das vagas revoltas
lençóis de flores silvestres.
Um silêncio novo,
quase tão novo
como esta necessidade calar.

É um silêncio tão simples
quase tão simples
como as estrofes de um poema simples,
paridas da simplicidade do poeta.
 

Francisco José Rito

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