Onde vamos todos almoçar?!

A situação na Faixa de Gaza é frequentemente descrita por organizações internacionais, académicos e defensores dos direitos humanos como uma crise humanitária de grandes proporções. Desde a criação do Estado de Israel, em 1948, e especialmente após a ocupação de Gaza e da Cisjordânia em 1967, o conflito israelo-palestino tem-se intensificado, gerando acusações graves, incluindo a de limpeza étnica contra a população palestiniana.

Limpeza étnica é definida como a tentativa deliberada de remover, através de meios violentos ou coercitivos, um grupo étnico de uma área específica. Diversos relatos documentam a destruição de casas, expulsão forçada de civis, bloqueios económicos e militares prolongados, e operações militares de grande escala que resultam em milhares de mortes, na sua maioria de civis palestinianos. A Faixa de Gaza, com mais de dois milhões de habitantes numa área extremamente densa, sofre com restrições severas à entrada e saída de bens essenciais, incluindo alimentos, remédios e combustível, agravando ainda mais a crise.

Muitos especialistas e ONGs, como a Human Rights Watch e a Amnistia Internacional, classificam essas práticas como parte de uma política sistemática que visa enfraquecer a presença palestiniana e consolidar o controle israelita sobre o território. As ofensivas militares recorrentes, que frequentemente atingem áreas residenciais e infra-estruturas civis, são apontadas como evidências de uma campanha de desumanização e marginalização dos palestinianos.

O governo israelita justifica as suas acções como medidas de segurança, citando ameaças constantes de grupos armados palestinianos, como o Hamas. Contudo, a desproporcionalidade da força utilizada e o impacto devastador sobre a população civil levantam questões éticas e legais de âmbito internacional.

A postura do mundo ocidental diante dos conflitos regionais, como o da Faixa de Gaza, revela uma profunda ambiguidade e muitas vezes, uma covardia alarmante. A cobertura da imprensa ocidental, marcada por omissões e por uma abordagem parcial, reforça essa percepção. Ao priorizar narrativas que minimizam o sofrimento das populações civis e ao ignorar denúncias graves de violações de direitos humanos, os grandes meios de comunicação acabam por contribuir para a perpetuação da injustiça.

Além disso, o silêncio cúmplice de muitos líderes políticos ocidentais aprofunda esta crise moral. A falta de uma resposta firme e ética diante da devastação de comunidades inteiras enfraquece qualquer pretensão humanitária que ainda possamos reivindicar como civilização. Embora o líder do governo de Israel tenha um mandado de captura pelo Tribunal Penal Internacional, esse comportamento, no mínimo, confirma que o mundo ocidental continua a demonstrar uma postura hesitante e incoerente em relação a conflitos que exigem urgência e clareza moral.

Utilizei estas imagens que não são da minha autoria mas de fotojornalistas de agências noticiosas que estão no terreno quase diáriamente. Estas palavras e as imagens que deixo aqui são apenas para nos relembrar que para além dos restantes conflitos existentes no globo persiste este que teima em perpetuar no tempo. Até quando? Quantas vidas de pessoas inocentes são necessárias desaparecerem para que os dirigentes e os povos que olham para este conflito de esguelha, actuem junto do governo de Israel? Aceito o temor Israelita pelas organizações de guerrilheiros que lutam contra os interesses de Israel na região, mas não aceito esta terraplanagem que o governo Israelita faz

Para finalizar, a humanidade ainda vive entorpecida, adormecida e pouco evoluída para olhar para conflitos como este e avançar para uma ação de intervenção emergente, não pela força mas pelo diálogo humanista, onde não há lugar para a mediocridade e mesquinhez, mas sim a resolução dos conflitos. Os nossos dirigentes “tropeçam” nos acontecimentos devastadores mas seguem com as suas vidas… onde vamos todos almoçar?!

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