Fui visitar os jardins do Palácio de Cristal. Às vezes dá-me saudades de visitar espaços lúdicos onde já não vou há muito tempo.
A vegetação bem cuidada e diversa traz uma sensação de um espaço familiar e agradável.
Os recantos que descobres, à medida que caminhas neste pequeno paraíso verde em plena cidade, dão-nos uma sensação de calma e bem estar para contemplarmos os recantos da nossa memória.
Neste pequeno jardim descobres uma colónia de pavões que surgem-nos entre a vegetação.
Há muitos anos atrás vivia em Lisboa no primeiro quarteirão da sossegada rua António Pedro. Eramos 7 vizinhos com idades entre os 10 e os 16 anos que usufruíamos, especialmente ao fim de semana, da pacatês da rua para brincarmos.
Sempre que um de nós descia para brincar na rua assobiava aos outros para que em suas casas soubessem que haveria mais uma tarde de alegria e divertimento.
Perto da rua em que vivia havia o Jardim da Estefânia. Jardim pequeno que tinha um casal de pavões e que era o centro da atenção dos vistantes.
Ao ouvir o grito do pavão nos jardins do Palácio de Cristal fiz a ligação entre o som do pavão e o som do nosso assobio. No fim destes anos todos vi que um de nós subconscientemente adoptou o grito do pavão e fez dele o assobio das crianças que durante muitas gerações se ouviu naquela rua.