Composição Fotográfica

Tal qual um compositor ao fazer o arranjo de uma peça musical, decidindo quais instrumentos devem trabalhar em conjunto, que entram em harmonia ou destoam, também o fotógrafo tem de agir, construindo imagens de forte poder visual por todos os lados. Por isso, ver uma cena por meio dos olhos de um profissional de fotografia é muito diferente de vê-la como realmente ela é.

Este texto foi feito para guiá-lo pelo processo de refinamento do olhar; aprenderá o que torna forte uma composição, os truques visuais que ajudam a passar a sua mensagem por meio de uma composição forte numa foto simples e também as armadilhas que devem ser evitadas. Trataremos sobre padrões, movimento, encontrar um ponto focal e de como criar profundidade.

Esperamos que este capítulo esclareça para si as “leis” que ajudam a criar uma composição, para que mais à frente, quando estiver dominando-as, possa quebrar uma ou duas delas com plena certeza. É divertido fazer isso, quando se tem plena consciência do que se está a fazer.

Linhas e Formas

É preciso treinar o olhar para encontrar linhas e formas numa cena; elas são a base da fotografia e podem ser usadas para dar atmosfera às suas imagens. Linhas horizontais, por exemplo, são relaxantes – pense em alguém dormindo ou num horizonte distante. Linhas verticais, tais como árvores ou arranha-céus, são mais dinâmicas, particularmente quando a foto é tirada no formato Paisagem, enfatizando a sua altura. Contudo, a forma mais poderosa de todas é a linha diagonal; é ela que cruza o seu campo visual e o conduz para o interior de uma cena. A linha diagonal pode ser usada para criar uma sensação de profundidade e movimento, e dá vida ao plano simples de uma fotografia.

Linhas horizontais 

Se ao percorrer o horizonte da sua foto a partir do centro do enquadramento, vir igualmente distribuída uma porção de céu e solo em cada parte, é porque está diante de uma imagem medíocre. Estude a cena para perceber qual o elemento dela que impressiona mais e mova o horizonte para cima ou para baixo para enfatizar isto. Pode-se levar esse conceito a extremos para realmente destacar um fantástico pôr-do-sol ou nuvens interessantes, encontrando um assunto que forneça uma boa silhueta, para depois, deixá-lo menor na parte inferior do enquadramento.

Camadas de linhas horizontais são capazes de dar ritmo à sua imagem, como, por exemplo, uma onda a quebrar na enseada em primeiro plano, com mais ondas a chegar no campo visual do plano de fundo. Este “ritmo” de linhas pode até se tornar o próprio assunto.

Linhas verticais 

 Elas são fortes e dinâmicas. Combine-as com as linhas horizontais para criar imagens poderosas. Quando imaginamos linhas verticais, lembramos de árvores, construções e pessoas. Se quiser enfatizar a altura ou imponência destes elementos, experimente alternar para um formato vertical – pode-se tirar proveito do tamanho do objeto, enquanto a força será exponenciada pelas laterais do enquadramento. Concomitantemente, se optar pelo formato Paisagem é possível fazer com que as linhas verticais pareçam romper os limites do quadro, percorrendo do topo ao pé da imagem.

Uma das muitas vantagens da foto digital é que podemos corrigir verticais convergentes com um relativamente fácil processo de pós-produção ou enfatizar ainda mais o impacto das verticais.

Linhas diagonais 

 Estas são as visualmente mais estimulantes e interessantes. Elas têm o poder de despertar o nosso interesse; quando a imagem cruza o olhar, faz com que o observador tenha maior atenção ao assunto retratado.

Evite dividir o enquadramento em dois de forma simples, traçando uma linha imaginária diagonal de um canto a outro, ou a imagem poderá perder o seu vigor. É mais interessante traçar uma diagonal que comece um pouco afastada do canto e continue até ao lado oposto do enquadramento; isto permite registrar uma foto mais equilibrada que assegura a composição.

Formas 

 As formas mais dinâmicas utilizam linhas diagonais. A forma triangular, por exemplo, é um componente que deixa a sua foto interessante; os seus três lados trazem singularidade à geometria fotográfica. Quanto à forma triangular, pense na composição – há três elementos que você pode unir visualmente para formar um triângulo?

Quadrados e retângulos refletem os quatro lados do seu enquadramento; não há conflito, logo, a experiência do observador não é completa. Contudo, pode-se deixar estas formas em conjunto com diagonais e triângulos para produzir uma imagem mais empolgante. Similarmente, ao combinar círculos ou curvas com linhas retas, consegue-se registrar uma grande tensão.

A Regra dos Terços

 Enquanto às vezes é necessário posicionar o seu assunto no centro do enquadramento,  noutros casos é mais interessante posicioná-lo fora do centro, para criar imagens mais interessantes, bem compostas, equilibradas e fortes; isto faz imediatamente com que o observador percorra os olhos por toda a imagem.

Os assuntos centralizados tendem a focar a atenção de quem a vê somente no meio da imagem, tornando a foto monótona; se quiser criar uma abstração ou representação gráfica da realidade, então não há por que mudar, mas se quiser fortalecer as suas composições experimente desviar subtilmente o ponto focal.

Conheça a regra – Um dos truques frequentemente mais usados para direcionar o olhar do observador para o centro de interesse de uma foto é usar a regra dos terços. Esta regra foi desenvolvida por pintores há séculos.

O conceito dela é imaginar que seu enquadramento está dividido em nove partes iguais por meio de duas linhas horizontais e duas verticais. Depois disso, basta posicionar o seu assunto ou o interesse principal da sua cena num ponto próximo de onde essas linhas se cruzam – os “pontos-de-ouro” – que conduzem o observador pela imagem, criando uma composição equilibrada; você se surpreenderá em como pequenos objetos podem tornar a cena muito maior do que realmente é.

Há uma regra similar – a “Razão Áurea” (“Golden Mean”, ou o ponto certo entre dois extremos) – cujas proporções são sutilmente diferentes, contudo, a ideia permanece a mesma.

Quebre as regras 

 Nem toda imagem fotografada deve-se ater à regra dos terços, senão acabaríamos por produzir  uma série de imagens parecidas. Às vezes, só é preciso mover ligeiramente o assunto para fora do centro para criar uma foto mais equilibrada, ou tentar movê-lo para um dos cantos do enquadramento.

Claro que existem situações em que não há opção senão deixar o assunto centralizado, exatamente onde se quer prender a atenção do observador. Imagine que está num safári e um leão começa a correr na sua direção; este é provavelmente o momento de posicionar o assunto bem no centro – isto supondo que se consiga manter a calma e segurar a câmera firme num momento como este.

Na prática, provavelmente precisaria que o animal estivesse de facto no centro pois é o ponto mais sensível e eficiente que o foco automático da câmera captaria o momento, mas é também o posicionamento perfeito para encontrar o olhar do leão diretamente na sua direção.

Close-ups 

 A mesma regra pode ser aplicada a qualquer assunto; ela não se limita a paisagens e outros temas em grande angular. Use a regra dos terços para rostos, flores ou outras imagens macro, movendo um ponto-chave para um dos pontos-de-ouro.

Use as linhas 

 Aprenda a ver os padrões, luzes e linhas que ajudam a fixar a visão do observador para o ponto forte onde posicionou o destaque da sua imagem. Linhas diagonais podem auxiliar neste processo – particularmente quando as curtas de um lado do assunto são combinadas com as longas no outro lado. Linhas que guiam o olhar para o assunto principal também podem prevenir a imagem de parecer estática. Acorde cedo ou fique até mais tarde para ver como a luz natural age nos diferentes elementos de uma paisagem – uma colina iluminada por uma luz quente, posicionada fora do centro, contra um plano de fundo sombreado e frio irá despertar a atenção do observador.

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